Ao pensar em Paris, a primeira imagem que surge são os cartões-postais: a Torre Eiffel, o Louvre, o Arco do Triunfo. Mas existe um lugar menos óbvio, carregado de história, cultura e uma aura quase mágica, que atrai milhões de visitantes todos os anos: o Cemitério Père-Lachaise.
Mais do que um campo santo, Père-Lachaise é um verdadeiro museu a céu aberto, repleto de esculturas impressionantes, histórias fascinantes e túmulos de personalidades que marcaram o mundo das artes, da música, da literatura e da política. Neste artigo, você vai descobrir por que esse cemitério é um dos pontos turísticos mais visitados de Paris, o que ele tem de tão especial, quais são os túmulos mais procurados e o que esperar de uma visita por lá.
Quando um cemitério vira atração turística em Paris
Inaugurado em 1804 por ordem de Napoleão Bonaparte, o Cemitério Père-Lachaise foi criado para solucionar um problema de saúde pública: os antigos cemitérios parisienses estavam superlotados. O nome vem do padre jesuíta François de la Chaise, confessor do Rei Luís XIV, que viveu numa propriedade localizada no terreno onde hoje está o cemitério.
No início, poucos desejavam ser enterrados ali, por estar afastado do centro de Paris. Para atrair atenção, a prefeitura transferiu para lá os restos mortais de figuras ilustres como Molière e Jean de La Fontaine. A estratégia funcionou e o Père-Lachaise se transformou em um local de prestígio para o descanso eterno.
Hoje, são mais de 70 mil túmulos em um espaço que abrange 44 hectares, com alamedas arborizadas, estátuas enigmáticas e sepulturas que são verdadeiras obras de arte. Estima-se que o local receba cerca de 3,5 milhões de visitantes por ano, sendo o cemitério mais visitado do mundo.

Túmulos mais famosos e visitados no Cemitério Père-Lachaise

Jim Morrison – Divisão 6
O vocalista do The Doors faleceu em Paris, em 1971, e seu túmulo se tornou um santuário para fãs do rock. Por muito tempo, o local foi alvo de pichações e tributos improvisados. Em 2024, o busto original de Morrison, roubado em 1988, foi finalmente recuperado, reacendendo o interesse dos admiradores pelo local.

Oscar Wilde – Divisão 89
O escritor irlandês está enterrado sob um imponente monumento esculpido por Jacob Epstein. Por anos, fãs deixaram beijos com batom no túmulo como forma de homenagem, o que levou as autoridades a instalarem um vidro protetor em 2011. Mesmo assim, o local continua sendo um dos mais populares do cemitério.

Édith Piaf – Divisão 97
A “voz da França” e ícone da música francesa, Édith Piaf é constantemente homenageada com flores, mensagens e objetos deixados por fãs do mundo inteiro. Seu túmulo é discreto, mas emocionante, especialmente para quem se emociona ao som de La Vie en Rose.

Frédéric Chopin – Divisão 11
O compositor e pianista polonês deixou instruções para que seu coração fosse levado para a Polônia, mas seu corpo está enterrado em Père-Lachaise. Seu túmulo é simples, mas constantemente decorado com flores e partituras deixadas por admiradores.

Sarah Bernhardt – Divisão 44
Considerada a maior atriz de teatro do século XIX, sua sepultura é uma homenagem à mulher que eternizou o drama no palco. Seu funeral foi acompanhado por mais de 30 mil pessoas, e seu túmulo continua sendo um dos mais emblemáticos do local.

Allan Kardec – Divisão 44
Nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail, Kardec foi um educador francês que ficou mundialmente conhecido por sistematizar os princípios da doutrina espírita no século XIX. Seu trabalho mais famoso, O Livro dos Espíritos, publicado em 1857, deu origem a uma corrente espiritualista que até hoje tem milhões de adeptos no mundo, especialmente no Brasil.

Vlad III, o Empalador – Divisão 85
Figura histórica que inspirou o personagem Drácula. Independentemente da autenticidade, o suposto túmulo é um ponto de curiosidade para turistas que visitam Père-Lachaise. Ele costuma atrair fãs de história e da cultura pop, que associam Vlad ao mito do Drácula. As visitas, no entanto, são apenas contemplativas, já que não há provas de que os restos mortais de Vlad III estejam realmente ali.
Curiosidades sobre o Père-Lachaise
O cemitério é tão grande que muitos visitantes se perdem. É possível adquirir um mapa na entrada ou baixar um digital para celular, com divisões e nomes de celebridades.
Ao caminhar por lá, você verá de tudo, de mausoléus neogóticos a esculturas surrealistas, além de túmulos muçulmanos, judeus e ortodoxos. Père-Lachaise reflete a diversidade cultural e religiosa de Paris.
Lá estão os muros das execuções da Comuna de Paris de 1871, um memorial dedicado aos combatentes da resistência francesa e monumentos a vítimas do Holocausto e de guerras mundiais.
Père-Lachaise aparece em diversos filmes, livros e canções. É frequentemente citado em roteiros turísticos alternativos como um dos lugares mais misteriosos de Paris.
Horários, localização e dicas para sua visita
- Horário de funcionamento: De segunda a sábado, das 8h às 18h; domingos e feriados, das 9h às 18h. Entrada gratuita.
- Como chegar: Metrô linha 2 (estação Philippe Auguste) ou linha 3 (estação Père Lachaise).
O terreno é irregular, com subidas e paralelepípedos, use sapatos e roupas confortáveis, porém, lembre-se que está em um cemitério e o lugar exige respeito, evite roupas inadequadas. Prefira os horários da manhã ou fim de tarde para uma visita mais silenciosa e contemplativa. Apesar de turístico, o cemitério ainda é um espaço de memória e luto. Evite comportamentos inadequados, como subir em túmulos ou falar alto.
O Cemitério Père-Lachaise é uma parada obrigatória para quem deseja explorar um lado diferente de Paris, mais poético, introspectivo e profundamente humano. Caminhar por suas alamedas é como viajar no tempo, entre histórias de amor, arte, tragédias e glórias eternizadas em pedra.
Incluir o Père-Lachaise no seu roteiro é uma escolha certeira. Afinal, visitar o cemitério mais famoso do mundo não é sobre a morte, é sobre lembrar a vida de quem jamais será esquecido.