Cambridge

Quem visita a Inglaterra e quer saber se vale a pena ir até Cambridge, já adianto que sim. Impossível não se contagiar com a atmosfera alegre do lugar e ver de perto histórias e teorias que nos enchem de conhecimentos.

Cambridge é considerada uma cidade histórica e reconhecida por sua renomada universidade famosa no mundo todo por sua herança cultural e científica, tendo desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento do conhecimento em diversas áreas.

É uma cidade marcada por sua arquitetura impressionante, ruas de paralelepípedo, jardins e os edifícios das universidades.

A cidade é cortada pelo Rio Cam que é bem famoso pela prática do que eles chamam de “punting”, muito utilizado pelos turistas que podem navegar pelas águas em pequenos barcos impulsionados por uma vara. Quem trabalha nesses barcos são alunos da universidade que trabalham no verão para ganhar dinheiro pra ajudar no custo com a universidade. Reza a lenda que são escolhidos os alunos mais bonitos para este trabalho porque chamam a atenção dos turistas!

Existem três histórias bem fascinantes em Cambridge que são elas: Ponte da Matemática, Relógio da Mentira e a árvore de Isaac Newton.

Ponte da Matemática:

20240505 061559 scaledA Ponte da Matemática, também conhecida como Ponte de Madeira de Queens College, foi construída em 1749, que conecta duas partes do Queens College sobre o Rio Cam, feita de madeira sem o uso de parafusos ou pregos, apenas encaixes e cavilhas de madeira.

Essa ponte acabou ficando famosa por conta de uma história popular entre estudantes e visitantes de que a ela teria sido criada por Sir Isaac Newton e montada sem qualquer fixação metálica, o que causou intriga devido sua complexidade e então decidiram desmontar a ponte para entender seu funcionamento, porém foram incapazes de remontá-la sem usar parafusos.

Embora uma ótima história, ela não é verdadeira porque Sir Isaac Newton havia falecido já a mais de vinte anos antes da construção da ponte.

A versão original foi projetada por James Essex, baseada em princípios matemáticos e de engenharia avançados da época.

Relógio da Mentira:

Caminhando pelas ruas de Cambridge, mais precisamente na Trumpington Street, na fachada da biblioteca Taylor do Corpus Christi College, você vai encontrar uma peça de arte moderna: o Relógio da Mentira, também conhecido como o Relógio de Corpus ou Corpos Clock. Este relógio é uma fusão de ciência, arte e filosofia do tempo.

Quem criou o Relógio foi um inventor e ex aluno de Cambridge, John C. Taylor, com o intuito de desafiar a percepção tradicional do tempo. Por outro lado, a inauguração ficou por conta de Stephen Hawking no ano de 2008.

O relógio, que mede cerca de 1,5 metros de diâmetro, é dourado e possui um design altamente ornamentado, inspirado nos cronômetros de John Harrison, o pioneiro na medição precisa do tempo no mar. No entanto, a característica mais marcante do relógio é a criatura metálica que fica no topo da estrutura: o “Cronófago” — que literalmente significa “devorador de tempo”.

O Cronófago é uma escultura de uma criatura semelhante a um gafanhoto ou lagarta, com mandíbulas que parecem mastigar o tempo enquanto avança. Com cada movimento, a criatura impulsiona o disco do relógio, fazendo o tempo “andar”. A metáfora é clara: o tempo é implacável, e, como o gafanhoto, o Cronófago devora cada segundo, de maneira inexorável.

Ao contrário dos relógios convencionais, ele não mostra o tempo de maneira precisa. Seus ponteiros avançam, param, e até mesmo voltam atrás de vez em quando, dando a impressão de que o tempo está enganando ou mentindo, daí o apelido “Relógio da Mentira”. Este comportamento imprevisível reflete a natureza subjetiva do tempo e como ele pode parecer acelerar ou desacelerar dependendo de nossas experiências e percepções.

O Relógio da Mentira serve como uma lembrança visual e filosófica de que o tempo é uma força invisível e incontrolável. Ele evoca uma sensação de urgência e efemeridade, lembrando a todos que o tempo está sempre passando, independentemente de nossas ações ou desejos.

A árvore de Isaac Newton:

A outra lenda da Universidade de Cambridge gira em torno de um dos maiores cientistas da história que além de estudar, lecionou no Trinity College: Sir Isaac Newton.

A história se baseia que Newton teria se inspirado a formular sua teoria da gravitação universal ao observar uma maçã caindo de uma árvore em seu jardim. Embora não passar de um conto fictício, o Trinity College preserva até hoje uma árvore que, embora não seja a original, foi plantada em homenagem à famosa história. Esta árvore se tornou um símbolo da genialidade de Newton e da contribuição de Cambridge para o avanço do conhecimento científico.

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Árvore de Newton em Cambridge.

Além de ser um centro histórico de conhecimento e inovação, Cambridge também é o berço de gênios e prêmios Nobel. A Universidade formou e abrigou inúmeros cientistas, escritores, filósofos e economistas que moldaram o mundo moderno. Entre eles, muitos foram laureados com o Prêmio Nobel, a maior honraria em reconhecimento ao impacto global de seu trabalho.

Dentre eles estão:

Bertrand Russell – Prêmio Nobel de Literatura / 1950.

Filósofo, matemático e ativista, é amplamente reconhecido por suas contribuições à lógica, à filosofia analítica e por seu engajamento político em prol da paz e dos direitos humanos. Em 1950, ele foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura por seus escritos variados e significativos, que combinam racionalidade filosófica com uma profunda preocupação com as questões sociais.

Ernest Rutherford – Prêmio Nobel de Química / 1908.

Conhecido como o “pai da física nuclear”, Ernest Rutherford foi um físico neozelandês que realizou grande parte de seu trabalho revolucionário em Cambridge, no laboratório Cavendish. Ele é famoso por sua descoberta da estrutura do átomo e pela identificação do núcleo atômico, o que mudou para sempre a compreensão científica da matéria. Em 1908, Rutherford recebeu o Prêmio Nobel de Química por suas investigações sobre a desintegração dos elementos e a química das substâncias radioativas.

Francis Crick e James Watson – Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina / 1962.

Francis Crick, um bioquímico britânico, e James Watson, um biólogo americano, foram os cientistas que descobriram a estrutura do DNA, o que marcou o início de uma nova era na biologia molecular. Trabalhando no Laboratório Cavendish de Cambridge, eles, juntamente com Maurice Wilkins, foram agraciados com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1962. Sua descoberta não só desvendou o código genético da vida, mas também abriu caminho para avanços fundamentais na genética, medicina e biotecnologia.

John Maynard Keynes – Prêmio Nobel de Economia / 1946.

Embora não tenha recebido diretamente o prêmio Nobel, sua influência no campo econômico é inegável. Keynes revolucionou a economia moderna com suas teorias sobre o papel do governo na economia e suas ideias que moldaram políticas econômicas no mundo todo no século XX e, devido sua influência James Meade e Richard Stone ganharam o prêmio Nobel em Economia.

Subrahmanyan Chandrasekhar – Prêmio Nobel de Física / 1983.

O astrofísico de origem indiana fez contribuições fundamentais para a compreensão da estrutura da evolução das estrelas e foi premiado por seu trabalho que teve um impacto duradouro na astrofísica moderna.

Dorothy Hodgkin – Prêmio Nobel de Química / 1964.

Dorothy é uma química britânica conhecida por seu trabalho pioneiro na cristalografia de raios X, que permitiu a determinação das estruturas de várias biomoléculas importantes, como a penicilina e a vitamina B12. Ela se tornou a única mulher britânica a ganhar o Prêmio Nobel de Química, em 1964, por suas descobertas revolucionárias na química estrutural.

Frederick Sanger – Prêmio Nobel de Química / 1958 e 1980.

Um dos poucos cientistas a ter recebido o prêmio por duas vezes, em 1958 foi pelo seu trabalho sobre a estrutura das proteínas, particularmente a insulina, e em 1980 por suas contribuições a determinação da sequência base no DNA, o que impulsionou o campo da genética molecular.

Stephen Hawking – Prêmio de Física Fundamental / 2012 e Medalha Copley / 2006.

Embora não tenha recebido um prêmio Nobel, seu trabalho é considerado revolucionário, pois fez contribuições à cosmologia, especialmente na compreensão dos buracos negros e na formulação da radiação,.

A Universidade de Cambridge, com sua história rica e tradições acadêmicas, continua a ser um farol para o avanço do conhecimento, sendo o local onde mentes brilhantes não apenas se educam, mas também contribuem significativamente para o progresso da humanidade. A longa lista de laureados com o Prêmio Nobel que passaram por Cambridge é um testemunho do papel da cidade como um verdadeiro berço de inovação e excelência intelectual.

Quem passa por lá sente até vontade de estudar em Cambridge! É um passeio imperdível!

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